Manifestação pública da fé cristã, das maiores na nossa diocese, a festa do Senhor dos Milagres” voltou a registar uma “enchente” de fiéis na procissão entre a Capela e a igreja matriz, à luz de 200 archotes e velas, com a participação de D. António Carrilho.
De facto, foi o mar de luz que conduziu a barca com a imagem do Senhor dos Milagres entre a referida capela e a igreja matriz, por entre milhares de devotos de todas as idades e condições sociais, ao compasso da música, numa procissão de mais de duas horas, rodeada de outros tantos peregrinos presentes ao longo das ruas.
A procissão do Senhor dos Milagres culmina com a concelebração eucarística presidida pelo bispo do Funchal, com a presença de vários sacerdotes e, na noite de ontem, também dos cónegos Manuel Martins, pároco de Machico, e Carlos Nunes, reitor do Seminário Diocesano do Funchal.
“Um testemunho da nossa fé comum”, foi como D. António Carrilho considerou a devoção ao Senhor dos Milagres, ontem à noite, em Machico. “É impressionante vivermos e sentirmos o que sentimos esta noite, em que nos expressamos da mesma forma em honra do Senhor dos Milagres. Uma multidão de gente, dos mais pequeninos aos mais idosos, no silêncio e na oração, percorreram as ruas desta nossa cidade”, sublinhou o bispo do Funchal.
“Esta é uma manifestação de fé extraordinária, poderia dizer que esta é uma festa diferente de tantas outras festas porque é uma marca muito própria, é uma marca muito específica e nós sentimos em comum o significado que tem aquilo que fazemos, com memória agradecida do passado, que vivemos intensamente no presente e que queremos apontar em termos de futuro, para que o testemunho que recebemos passe por nós e passe através de nós”, disse ainda o Bispo do Funchal.
“Fazemos memória agradecida nesta noite, remontando à aluvião 1803, que tantas recordações tristes acabou por trazer, pelas mortes e pelos grandes prejuízos causados, aqui e no Funchal. Sabemos bem como, apesar de tudo, os crentes se deram conta de que afinal não podiam desligar aquele momento de uma profunda comunhão com Deus nosso Pai, bendizendo por aquilo que podia ser motivo de bênção e suplicando por aquilo que era motivo de súplica, porque não esquecemos ninguém e com todos quisemos ser solidários”, sublinhou D. António Carrilho.
De resto, esta é uma festa carregada do simbolismo da luz. Cada peregrino, de vela na mão, traz uma história dentro de si, uma luz especial. Ali, apenas a fé se faz presente. “E assim como recebemos de outros o testemunho da sua fé”, disse o bispo do Funchal, “temos de nos preocupar em abrir caminho ao reconhecimento daquilo que é a nossa fé cristã, para que aqueles que vêm depois de nós tenham consciência daquilo em que acreditamos”. A nossa fé, disse, “tem de passar para outros”, de modo a ajudá-los a “encontrar o caminho de Deus” e “uma vida digna dos ensinamentos do próprio Senhor”.
É por isso que se revela ainda mais importante o próximo Ano Pastoral, em que os jovens vão estar em foco. Aliás o lema escolhido é precisamente “Diocese do Funchal: Igreja Jovem e com os Jovens”, desejando o bispo do Funchal que este seja um ano “de uma particular atenção das comunidades à juventude, porque queremos que os jovens encontrem em Jesus Cristo um caminho de vida e de felicidade”.
O bispo do Funchal aproveitou ainda para interpelar as famílias, nesta abertura do ano catequético, para que “cuidem efetivamente da catequese dos seus filhos”.
D. António aludiu também às comemorações jubilares dos 500 anos da Dedicação da Sé do Funchal, que vão ter lugar no próximo dia 18, pelas 18.30 horas, deixando o convite para que todos se juntem neste momento importante para a Diocese e para todos nós.
Entretanto, esta tarde, a imagem do Senhor dos Milagres voltará à sua Capela após a Missa da Festa que será celebrada pelas às 15 horas.
Ainda em referência a 9 de outubro de 1803, data em que uma violenta tempestade atingiu Machico, Santa Cruz e Funchal, celebra-se também hoje o “Patrocínio de Nossa Senhora do Monte”, com uma eucaristia solene na Sé, às 18 horas, presidida por D. António Carrilho.