Durante dois dias a Casa de Saúde São João de Deus foi palco da oitava edição das Jornadas da Saúde Mental e Psiquiatria. Falando na sessão de abertura, em representação do Bispo do Funchal, que por motivos pastorais não pôde estar presente, o Cónego Fiel de Sousa começou por salientar que “com estas jornadas não só estais a contribuir para o progresso da medicina, pois estes trabalhos exigem muita investigação, mas ao mesmo tempo, estais a construir pontes e comunhão entre pessoal médico, técnico, funcionários, voluntários, familiares e muito particularmente os doentes que são a primeira causa deste encontro”.
Quando deu uma espreitadela ao programa, sendo padre, confessou que se sentiu “um leigo nestes assuntos”. Chegou mesmo a pensar que “talvez isto interesse mais a profissionais de saúde”. Porém, “num segundo momento, comecei a compreender a sua importância e tomei consciência de que a sociedade em geral não se deve alhear destas temáticas e dos problemas com elas relacionadas e da sua importância para a nossa saúde não só física, mas mental.”
Depois de lamentar não poder “acompanhar estas jornadas do princípio ao fim”, uma vez que também ele é abordado por pessoas que precisam de ajuda nesta área tão sensível, referiu que nestas jornadas iam ser tratadas as temáticas das dependências, Ideação suicida e Suicídio. Para a solução deste problema, disse, “não basta a lamentação e a consulta das estatísticas. É preciso pôr em ação um trabalho de maior presença e acompanhamento, a começar nas famílias e na sociedade em geral”.
Outra preocupação que o assola, “são os familiares e amigos que ao ver os seus partirem, precisam também de um acompanhamento e de uma presença amiga, pois pela minha experiência de padre, noto que neles fica uma impotência e uma dor que se não for curada, pode ter consequências muito graves a nível de saúde mental.”
Depois de agradecer aos Irmãos de São João de Deus e a todos os que trabalham nas mais diversas áreas de saúde na Casa São João de Deus”, o Vigário Geral deixou a garantia de que “da parte da Diocese podem contar com todo o apoio do nosso Bispo Dom António, dos sacerdotes e das comunidades religiosas. Queremos agradecer especialmente a forma como nos mostrais a prioridade da pessoa humana identificada com Jesus Cristo, como foi apanágio do vosso fundador. Obrigado pela vossa abertura e diálogo com o mundo da ciência e da técnica, e que estas jornadas assim o demonstram”.
A terminar um apelo: “Não vos deixeis dominar nunca pelo puro cientismo e tecnicismo que pode minimizar ou relegar para segundo lugar o amor, o carinho, a amizade a mão amiga, o abraço fraterno, a esperança cristã, que todo o doente tem necessidade, no fundo, o cuidar, como vai ser objeto de reflexão destas jornadas.” Por outras palavras, “No mundo que usa cada vez mais os dedos para comunicar através dos novos meios de instrumentos de comunicação, usemos os nossos dedos e as nossas mãos não somente nas tecnologias digitais, mas sobretudo para o teclar, tocar, cuidar da pessoa humana e concreta que está ao nosso lado. À cultura do teclar que é importante, deve sobrepor-se a cultura do cuidar e do amar para que tenhamos maior saúde mental.”