Mensagem do Bispo do Funchal para o Dia de Oração pelo Cuidado da Criação

D. António Carrilho © Agência Ecclesia

Mensagem de D. António Carrilho, Bispo do Funchal,

para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação

1 de setembro de 2017

Celebrar a bondade de Deus, a beleza do Criador

 

Celebra a Igreja universal, no dia 1 de setembro, em comunhão com a Igreja Ortodoxa e outras Igrejas e Comunidades cristãs, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído pelo Papa Francisco em agosto de 2015. É, assim, uma iniciativa com raízes ecuménicas, que nos convida a celebrar a bondade de Deus presente em todas as criaturas, a respeitar e a guardar com carinho a beleza do Criador.

Na Mensagem para este Dia de Oração, o Santo Padre recordou-nos, em setembro de 2016, que esta celebração “oferecerá a cada fiel e às comunidades a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardião da criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado, invocando a sua ajuda para a proteção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos”.

S. Francisco de Assis, Padroeiro da ecologia

Como modelo inspirador, o Papa propõe Francisco de Assis, o cantor da natureza e padroeiro da ecologia. Um homem pobre, encantado e apaixonado por Deus e por todos os seres vivos. O seu imortal Cântico do Irmão Sol traduz a ternura de Deus Pai, autor de todas as maravilhas e eterno Criador do Universo.

Os últimos desastres ecológicos, catástrofes naturais, incêndios devastadores e ataques terroristas, põem em causa o equilíbrio e a harmonia da família humana e da criação. Além das perdas de vidas humanas e de animais, verifica-se uma devastação de grandes zonas de cultivo agrícola e florestal. Assim, a ecologia humana e ambiental está gravemente ameaçada, num mundo ferido pela violência, pelo medo e desamor. Com o aquecimento global surgem surpreendentes mudanças climatéricas, que ameaçam gravemente a saúde e a permanência dos homens e das mulheres sobre a terra.

 Proteger a casa comum

Perante tais calamidades, tornam-se urgentes os desafios de protegermos a casa comum, em ordem a um desenvolvimento sustentável e integral. Que este mundo tão belo, criado por Deus, se torne num jardim de fraternidade, de respeito mútuo, de liberdade e amor, como descreve a Bíblia a propósito da criação do mundo.

A verdade é que o futuro do planeta depende de todos e não apenas das grandes instituições políticas, económicas, internacionais e mundiais. Temos um destino comum e solidário, que nos há-de conduzir à prática de pequenos gestos de fraternidade, de atenção mútua e respeito pela natureza. No âmbito familiar e educativo, muitas têm sido as iniciativas já desenvolvidas com as crianças e os jovens, que apontam para compromissos ecológicos, tendo em vista preservar a biodiversidade e ser cada um responsável pela nossa casa comum.

Como é óbvio, não podemos esquecer também a ecologia humana, o valor da vida e a sua imensa dignidade, em todas as etapas do seu desenvolvimento. “Fomos concebidos no coração de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário” (Laudato Si,65) e que todos nos envolvamos num amor compassivo e solidário, particularmente aos mais pobres, aos que habitam as periferias humanas e existenciais.

À semelhança de S. Francisco de Assis, cuidemos da ecologia integral e louvemos o Senhor pelas maravilhas do Universo; levemos à Eucaristia a nossa vida e toda a criação; e ofereçamo-nos com Cristo ao Pai, em pleno e universal Louvor. “Unido ao Filho encarnado, presente na Eucaristia, todo o cosmos dá graças a Deus” (LS, 236).

Em comunhão com o Papa Francisco e com todas as Igrejas, unamos a nossa oração a Deus Pai de Misericórdia, pedindo a transformação dos nossos corações e a luz do Espírito Santo para uma autêntica conversão ecológica, lembrando que a “espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia” (LS, 216).

†António Carrilho, Bispo do Funchal