A paróquia da Sé iniciou esta quarta-feira, dia 15 de março, um conjunto de Catequeses Quaresmais. D. Nuno Brás foi o orientador deste tempo de ensinamento, tendo abordado o tema “O inferno, o purgatório e o céu. Falar da vida Eterna”.
O prelado partiu do capítulo 15 da 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios, que leu na íntegra, para dar corpo a toda a sua comunicação.
Esta carta, começou por explicar D. Nuno Brás, foi escrita para corrigir ideias erradas que surgiram a dada altura sobre a ressurreição de Cristo. Dizia-se, por exemplo, “que Jesus não tinha ressuscitado corporalmente, mas que era um simples espírito”.
A carta contém uma série de afirmações, que o bispo do Funchal foi procurando explicar aos fiéis presentes na Sé, a começar pelo facto de que “o cristianismo nasceu de um acontecimento: um morto que regressa à vida” e é Fundamento da fé.
Por outras palavras, “finalmente alguém venceu a morte” e se Jesus ressuscitou, “também nós temos esperança de ressuscitar”. Hoje, continuou, este seria “um caso de estudo”.
A boa nova é que “os que vivem com Ele, morrem com Ele e ressuscitam com Ele”. Uma ligação que nasce desde o momento do nosso batismo e que faz com que, “durante a nossa vida na terra deixemos progressivamente o homem velho, para viver cada vez mais identificados com o homem ressuscitado”, vincou D. Nuno.
De resto, “é por isso que vivemos a Quaresma, este esforço de nos identificarmos, cada vez mais com Jesus ressuscitado”.
O momento da morte física, explicou ainda o prelado, “é o momento definitivo do nosso encontro com Deus, em que nós dizemos aquela palavra para a qual andamos a treinar toda a nossa vida”.
Por outro lado, “a morte traz consigo o juízo” e segundo São Paulo, Deus, que é o criador de tudo aquilo que existe, no final irá acolher, transformando, tudo aquilo que criou. Por isso, a minha resposta definitiva tem “de esperar esse momento em que tudo for transformado”.
Mas cada cristão ao longo da sua vida, frisou D. Nuno Brás, “tem uma atitude diferente diante de Jesus”. Há os que, toda a sua vida viveram com Ele, deixaram-se transformar por Ele. É a isso, disse, “que chamamos céu”. É aquela situação de vida “dos que vivem completamente identificados com Jesus ressuscitado”.
Quanto aos que ainda precisam de purificação, aqueles que viveram com Jesus, mas ainda não se transformaram completamente precisam do purgatório para continuar essa tarefa.
Já os que viveram sempre de costas voltadas para Deus, mergulhados no “ministério do mal”, ou se arrependem mesmo à beira do tal encontro ou acabam inferno. Sendo que, vincou D. Nuno Brás, “o inferno é necessário como garantia da nossa liberdade”.
D. Nuno Brás concluiu a sua reflexão explicando que “vivendo aqui na terra, cada um de nós vive unido a todos os santos, unidos a todos os cristãos que já partiram, somos um em Cristo”. Incentivou por isso os fiéis a fazerem “céu à sua volta”, isto é a deixar cada vez mais o homem velho e sendo cada vez mais imagem do homem novo.