Uma paz que ninguém quer?

D.R.

Há um ano atrás, o mundo acordava incrédulo com o início da guerra na Ucrânia. Depois de juras de Vladimir Putin que nunca iria fazer uma guerra; depois de ameaças americanas de que as sanções económicas e políticas iriam deter uma eventual ocupação, aquilo que parecia impensável aconteceu: a guerra tinha regressado à Europa.

Os refugiados abandonaram o seu país; o exército de boas vontades acolheu-os em terra estrangeira e procurou assegurar-lhes o máximo de condições possíveis. Os jornalistas continuaram, diariamente, a reportar crimes, desgraças, destruição.

Aquela primeira retirada das forças russas depois da consagração do mundo a Nossa Senhora parecia dar algum alento à paz, e fazia surgir a esperança de um qualquer acordo que poupasse vidas, terras, humanidade. Mas não. Não há intervenção divina que detenha a liberdade humana.

A percepção que tinha há um ano atrás mantém-se: esta é uma guerra mal contada. Fora apenas a loucura de um homem, e tudo já estaria resolvido. O facto é que parece ninguém querer a paz. A Rússia procura uma vitória que lhe salve a face. Os Estados Unidos, governados hoje pelos pacifistas do Vietnam, procuram impor ao mundo o seu modelo de nova sociedade. A Europa tenta garantir que apenas a Ucrânia sofrerá a guerra, e que esta não se irá estender a mais nenhum outro dos seus países. Todos apostam na derrota do seu inimigo.

E o Papa, qual pregador no deserto, vai erguendo a sua voz em favor de uma verdadeira paz. Sempre, sem desfalecer.

Um ano depois, todos dizem que a guerra ainda irá durar vários meses. E o mundo, a humanidade, continua a sofrer. A nós, resta a oração e o apoio às vítimas. Que mundo este, onde a paz deixou de ser um verdadeiro valor! Quem poderá, de verdade, construí-la?