Há quatro anos, o Papa Francisco, reunido com os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo para o encontro sobre “A proteção de menores na Igreja” (21-24 fevereiro de 2019), declarou que “o objetivo da Igreja será ouvir, tutelar, proteger e tratar os menores abusados, explorados e esquecidos, onde quer que estejam (…). Por isso, chegou a hora de colaborarmos, juntos, para erradicar tal brutalidade do corpo da nossa humanidade”.
Neste sentido, Francisco apresentou oito dimensões estratégicas para combater a violência contra as crianças:
1. A tutela das crianças: Colocar as crianças no centro. Para isso “é necessário mudar a mentalidade, combatendo a atitude defensivo-reativa de salvaguardar a Instituição”.
2. Seriedade impecável: Tolerância zero perante os que realizaram tais delitos.
3. Uma verdadeira purificação: “Transformar os erros em oportunidades para erradicar este flagelo”, assumir a culpa e reparar as falhas.
4. A formação: Exigência na seleção e formação dos candidatos ao sacerdócio.
5. Reforçar as diretrizes das Conferências Episcopais: “Nenhum abuso deve jamais ser encoberto (como era habitual no passado) e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo”. Não bastam diretrizes, é preciso que normas.
6. Acompanhar as pessoas abusadas: A Igreja tem o dever de oferecer às vítimas todo o apoio necessário.
7. O mundo digital: Alertar para os ambientes digitais que exploram e desprezam a dignidade das crianças.
8. O turismo sexual: “Combater o tráfico e a exploração económica das crianças”.
Estes pontos alertam para a necessidade de assumir a responsabilidade perante as falhas do passado e acompanhar os que estão em sofrimento, construindo uma cultura de denúncia em vez de silêncio, de justiça em vez de ocultação, capaz de prevenir e proteger todas as crianças.