Anastácio Alves: D. Nuno Brás sublinha a “importância da colaboração com a Justiça”

Foto: Duarte Gomes

O bispo do Funchal já reagiu às notícias que dão conta de que Anastácio Alves, o ex-sacerdote que estava em parte incerta desde 2018, se tinha apresentado ontem, dia 16 de fevereiro, na Procuradoria-Geral da República, pronto a assumir as suas responsabilidades.

De acordo com D. Nuno Brás esta atitude, de que a diocese teve conhecimento através da comunicação social,  “ajuda a que a realidade se esclareça”, sublinhando a “importância da colaboração com a Justiça” afirmando ainda que essa é também “a tónica da Diocese”.

Para já e segundo o bispo do Funchal, “a diocese ainda não tem na sua posse o relatório da Comissão Independente (CI) relativo a esta diocese”. Só quando o tiver é que “vai poder tomar algumas decisões”.

De qualquer forma, vinca “como a diocese sempre colaborou seja com a Comissão Independente seja com a Comissão dos arquivos, posso dizer que houve seis casos com que a diocese foi confrontada, aquando da investigação nos Arquivos Históricos da Diocese, a maioria dos quais já prescreveram, mesmo em termos de identificação das vítimas, porque o que importa é assegurar que as vítimas são assistidas”.

O anonimato das mesmas, continuou, “não nos permite fazer mais nada a não ser lamentar o sucedido, a não ser pedir desculpas por aquilo que eventualmente a diocese pudesse ter feito e não fez e assegurar que há tolerância zero, em tudo o que diz respeito a esta matéria e um cumprimento muito restrito das leis e das normas na Diocese do Funchal”.

Em declarações ao Jornal da Madeira, o bispo do Funchal pronunciou-se ainda sobre o trabalho da CI, criada pela Conferência Episcopal Portuguesa que custeou todo o trabalho, trabalho esse que “podia ter sido feito de outra forma e de outras perspetivas”. Acabou por ser feito “a partir da perspetiva da psicologia porque a grande maioria dos seus elementos era dessa área, fez o trabalho que fez”.

D. Nuno Brás deixa claro, que “tudo quanto seja o apurar a verdade é sempre importante, porque estar a trabalhar em cima de mentiras e de falsidades é sempre trabalhar mal, de forma inconsistente”.

Lembra ainda que o crime de abuso sexual “foi olhado de forma muito diferente ao longo dos séculos”, por isso, “não podemos estar com os critérios de hoje a julgar aquilo que foram os comportamentos de há 50, 60 anos”. Se fosse hoje, garante, tudo seria tratado de forma diferente. De resto este trabalho da CI, “manifesta a garantia por parte das várias dioceses portuguesas de trabalhar de forma diferente”.

Quanto a Anastácio Alves de acrescentar que o mesmo foi  ‘reencaminhado’ pela Procuradoria-Geral da República para o Tribunal do Funchal, onde decorre o processo em que está envolvido.