A paróquia da Ribeira Seca virou este domingo, dia 12 de Fevereiro, mais uma página da sua história com a tomada de posse do cónego Manuel Ramos, como seu novo pároco.
Até agora a paróquia era orientada pelo Pe. Martins Júnior, que nos últimos anos exerceu a função de seu administrador paroquial.
A cerimónia, que contou com representantes das principais entidades locais, foi presidida pelo Bispo do Funchal, que logo no início quis deixar bem claro que “Deus é que é mais importante”, como importante é também “sabermos como é que cada um de nós vai responder, vai corresponder aos convites que Deus lhe faz”.
Isto significa, continuou, que “temos de estar atentos àquilo que Deus nos pede e depois estar disponíveis para lhe responder. Claro que cada um responde por si e cada um deve responder pelos seus atos e assumir as suas responsabilidades”, sendo certo e sabido que “é o bem que nos faz livres e não o mal”.
Mas depois ainda temos de responder como povo que forma uma comunidade que procura corresponder aos apelos de Deus. Claro que tem de haver organização, mas “é bom que não nos esqueçamos, que o nosso objetivo é entre ajudarmo-nos para corresponder a esses apelos”.
E como dizia o Senhor no Evangelho, “não podemos achar que está tudo feito”, porque “há sempre qualquer coisa a fazer, qualquer coisa a melhorar, qualquer coisa a transformar, a mudar em relação ao próximo e em relação a Deus”.
E ajudar a comunidade a encontrar esses caminhos é, disse D. Nuno Brás, a função de um sacerdote. “A função de um padre é precisamente a de animar, a de ajudar uma comunidade a caminhar unida para Deus”. A comunidade não pode nem deve assumir que já é boa a tal ponto de não ter nada para fazer melhor.
Se o padre numa comunidade, continuou, é ter a obrigação de ”ser esta presença sacramental de Jesus Cristo, que nos ajuda a ser melhor, que nos ajuda a “caminhar e a desinstalar” Foi essa, disse “a missão que o Sr. Pe. Martins teve aqui no meio de vós durante todos estes anos e é a missão que o senhor cónego Ramos terá a partir de hoje.
De resto, vincou, estas mudanças fazem parte “da história e da vida da igreja, da história de qualquer comunidade” e devem ser encaradas como tal.
Caminho desafiante
Quanto ao cónego Ramos, em momento próprio dirigiu umas palavras aos seus novos paroquianos. Usando o pensamento de São Paulo na sua primeira carta aos Coríntios, disse apresentar-se diante deles “cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras”.
A sua missão acrescentou, “não se baseia na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na certeza da poderosa ação do Espírito Santo que guia a sua Igreja e que me envia para o meio de vós (cf. 1Cor. 1-5)”.
Lembrou ainda que “a ordenação sacerdotal, é prometida a obediência e reverência para estar sempre ao serviço da Igreja, onde quer que o Espírito Santo o coloque em missão. E, cada vez que somos chamados a assumir nova missão, renova-se esta dimensão própria da vida do sacerdote. Portanto, eis-me aqui Senhor, para esta nova missão, ao serviço do Povo de Deus, nesta lendária paróquia da Ribeira Seca”.
“Como servo para o Povo de Deus presente nesta paróquia da Ribeira Seca, coloco-me para convosco viver como cristão e crescer como pastor que vos é enviado a celebrar a Palavra e o Pão da Vida”, disse o novo pároco, para logo acrescentar que “Convosco quero acarinhar o trabalho incansável e histórico do senhor Padre José Martins Júnior, ao longo de quase 54 anos, nesta paróquia”.
Apesar de reconhecer que, “o caminho a trilhar doravante é desafiante” e que se “criou uma relação quase umbilical entre as diversas gerações da Ribeira Seca o que propiciou o conhecimento e divulgação do trabalho realizado, nas mais diversas áreas, colocando esta terra no mapa do mundo e inevitavelmente, na história de Machico e da Madeira”, o cónego Ramos diz esperar que o Pe. Martins continue “com vitalidade no meio de nós, a construir e a sonhar”.
Neste contexto, frisou “que todos são necessários à vida da comunidade, colocando ao serviço do bem comum os seus dons” e que é isso que espera, isto é, contar com todos.
Agradeceu ainda a “confiança depositada pelo Senhor Bispo D. Nuno Brás, na minha pessoa, ao confiar-me esta arriscada missão”, recordando que “hesitei perante o pedido”. Porém, “a sua determinação em confiar-me este serviço, fez-me aceitá-lo em obediência e amor a Jesus Cristo e à sua Igreja presente no povo da Ribeira Seca”.
Servo que parte em paz
Já o Pe. Martins Júnior, no tom que o carateriza, disse ao Bispo do Funchal, sentir-se como o velho Simeão no dia da apresentação de Jesus no templo. Na altura, recordou, “Simeão disse Senhor: agora podereis deixar partir o vosso servo em paz e eu parto em paz”.
Deu ainda conta da sua alegria por a chuva ter “abençoado” a “entrada triunfal neste modesto templo do cónego Ramos” e lamentou a ausência dos bispos eméritos nesta celebração. O cónego Ramos que, quando rapaz, “veio pedir ao presidente da Câmara uma sala para dar catequese”, presidente esse que era o próprio Pe. Martins.
Comprometeu-se ainda a “colaborar com o novo pároco na medida do possível”, também para voltar a unir o mar à serra, o campo à cidade.
Houve ainda um paroquiano que, em nome da comunidade, saudou o novo pároco com quem a comunidade “quer construir uma nova página da história da Ribeira Seca”.