“Que se arranjem!”

D.R.

No próximo sábado, dia 11 de fevereiro, a Igreja assinala o Dia Mundial do Doente. O Papa Francisco escreveu uma mensagem dedicada a este dia, com o título, “Trata bem dele! A compaixão como exercício sinodal de cura”. 

Neste sentido, o Papa apresenta uma nova forma de avançar juntos num mundo que facilmente abandona os frágeis e os doentes, os que não acompanham o “passo” da sociedade do mercado e da produtividade. Diante da doença, “pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que devemos abandoná-los, a fim de não nos sentirem um peso para eles”, escreveu.  

No início do texto, Francisco afirma que “ao caminhar juntos, é normal que alguém se sinta mal, tenha de parar pelo cansaço ou por qualquer percalço no percurso. É em tais momentos que se vê como estamos a caminhar: se é verdadeiramente um caminhar juntos, ou se se vai na mesma estrada mas cada um por conta própria, cuidando dos próprios interesses e deixando que os outros ‘se arranjem’”. 

Caminhar juntos segundo o estilo de Deus implica três atitudes: proximidade, compaixão e ternura. 

Proximidade: Francisco exorta a superar a cultura do descarte e aprender a construir uma comunidade que caminha em conjunto sem deixar ninguém para trás. A doença e a fragilidade não podem ser motivos de exclusão. Deus coloca no centro da sua solicitude a ovelha perdida, “reconduzirei a que se tinha tresmalhado, cuidarei a que está ferida e tratarei da que está doente” (Ez 34, 16). 

Compaixão: A parábola do Bom Samaritano ensina-nos a força de um gesto de atenção para com aquele que foi espancado e abandonado à beira do caminho, imagem de tantos irmãos que são olhados com indiferença quando mais precisavam de um auxílio. 

Ternura: O Papa considera que “a condição dos enfermos é um apelo que interrompe a indiferença e abranda o passo de quem avança como se não tivesse irmãs e irmãos”. A missão da Igreja nas atuais circunstâncias históricas é ser “hospital de campanha”. “Todos somos frágeis e vulneráveis; todos precisamos daquela atenção compassiva que sabe deter-se, aproximar-se, cuidar e levantar”.

O Dia Mundial do Doente é uma oportunidade para inverter a lógica mundanista: “os outros que se arranjem”, para assumir o estilo de Cristo, que é compaixão.