Devemos agradecer

D.R.

A morte do Papa Bento XVI não foi propriamente uma surpresa. O encontro com o Jesus que ele amava era esperado pelo Papa — os mais próximos dizem que ele próprio esperava que acontecesse no espaço de um ano após a renúncia ao ministério de S. Pedro.

E esta palavra “encontro” é central no magistério e na teologia de Bento XVI: “No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”, ensinava-nos ele, logo no início da sua primeira encíclica. É este encontro pleno e definitivo que se realiza no momento da morte de todo e qualquer ser humano.

Só podemos agradecer a vida, o ministério, o testemunho e os ensinamentos de Bento XVI. Ele foi, antes de mais, um cristão, um crente que, desde o seio materno acolheu o amor de Deus manifestado em Jesus e lhe procurou corresponder. Ele foi um sacerdote, um bispo, um Papa que nunca voltou as costas ao combate pela verdade, sempre que esta aparecia clara. Ele foi um mártir, perseguido por tantos apenas porque se ter recusado a fazer coro com a hipocrisia do mundo. Ele foi um pensador que via mais longe — um dos grandes pensadores do século XX e do começo do século XXI — a quem se deve, em grande parte, a expressão do magistério que interpretou e explicitou o Concílio Vaticano II.

Podemos e devemos agradecer a Deus o dom que foi para a Igreja e para o mundo. Mas podemos e devemos agradecer também ao homem, a Joseph Ratzinger e ao Papa Bento XVI, por ter sido aquele que nos fez pensar, amar e viver melhor como cristãos.