A alegria era bem visível no rosto do Pe. José Alberto Sousa Fernandes. Ordenado a 30 de julho passado, por D. Nuno Brás, tomou posse este domingo, 25 de setembro, daquela que será sempre a sua primeira paróquia: as Eiras.
A Eucaristia em que foi empossado iniciou-se pelas 9 da manhã, mas já muito antes, desde as 5 da manhã, seis paroquianos andavam atarefados com a elaboração de um tapete de flores, que a chuva manteve impecável até a hora de o sacerdote o pisar ao som da banda das Eiras.
A Eucaristia foi presidida pelo Cónego Fiel e concelebrada por vários sacerdotes, incluindo o cónego Rui Pontes que esteve à frente desta paróquia nos últimos 10 anos.
Lida a carta de nomeação a Eucaristia prosseguiu com as leituras, deste 26º Domingo do Tempo Comum e a reflexão sobre as mesmas por parte do cónego Fiel de Sousa.
Antes, porém, o vigário geral explicou a importância dos sacerdotes, sublinhando que eles são escolhidos por Deus de entre o seu povo para anunciar a sua palavra. Por isso, agradeceu a todos os que aceitaram esta missão, aproveitando para agradecer em particular ao cónego Rui Pontes, pelo trabalho feito na paróquia e na diocese, mas também ao Pe. Alberto, por ter ouvido o chamamento de Deus e por assumir este compromisso.
O rico sem nome
De resto, o Evangelho deste domingo falava precisamente disso. De um lado o “homem rico”, que vivia no meio do luxo, em festas. Do outro, o “pobre Lázaro”, coberto de chagas e com fome.
Nas suas parábolas, Jesus não atribui nenhum nome aos personagens. Apenas nesta se diz que o pobre se chamava Lázaro. Quem “tem nome neste mundo”? De quem falam os jornais, as revistas, as televisões? Dos ricos, dos que têm sucesso, dos famosos. Porém, para Jesus, o rico é “um tal” enquanto o pobre se chama Lázaro.
A morte de ambos reverte a situação: quem vivia na riqueza está destinado aos “tormentos”, quem vivia na pobreza encontra-se na paz de Deus.
O relato antecipa o amanhã para que valorizemos o presente. O rico não é condenado por ser rico, mas porque prescinde de Deus. O pobre salva-se porque está aberto para Deus e espera a Salvação. A pobreza não levou Lázaro ao céu, mas a humildade, e não foram as riquezas que impediram o rico de entrar no seio de Abraão, mas o seu egoísmo e a pouca solidariedade com o próximo.
Mala não deve ter muita coisa
Neste contexto, o cónego Fiel lembrou que “a mala dos senhores padres não deve ter muita coisa”, mas apenas “o essencial para servir a Igreja de Jesus Cristo”. Tanto mais que podem, a qualquer momento ser chamados a seguir caminho.
Esta mesma ideia já tinha sido deixada ao fim da tarde de sábado, dia 24, na tomada de posse do Pe. Pedro Filipe de Góis Nóbrega, como pároco de Câmara de Lobos, que já passou por várias paróquias a última das quais o Curral das Freiras.
Foi esta “disponibilidade para servir a Igreja”, que o vigário geral também destacou, em ambas as tomadas de posses, sendo que em Câmara de Lobos, recordou o Pe. Eleutério, falecido recentemente, que foi de uma dedicação extrema à Igreja. Ele foi sempre “sempre aquilo que o sacerdote deve ser: a presença de Deus”.
Uma presença que obriga a se distanciar dos bens materiais, porque “são chamados a anunciar e evangelizar as riquezas”, sim, “mas a evangelizar as riquezas de Deus, que são contrárias aquilo que acabamos de escutar nas leituras”.
As riquezas de Cristo, disse o cónego Fiel, na homilia da tomada de posse do Pe. Pedro, “unem, fazem comunhão, não criam distanciamentos, não criam distanciamentos entre ricos e pobres, não criam fossos entre uns e outros, mas criam união, criam igualdade, criam justiça social”. E, acrescentou, “quanto mais colocarmos aquilo que temos ao serviço dos outros, mais ricos seremos”.
Párocos contam com as comunidades
Em momento próprio, os sacerdotes empossados falaram às suas comunidades. O Pe. Alberto Fernandes, dirigindo-se aos paroquianos das Eiras disse que trazia no seu coração “a alegria de anunciar o Evangelho”.
“Sou um sacerdote inexperiente que começa a sua nova jornada… E, por isso, confio-me à graça de Deus e à colaboração de todos os membros desta bela comunidade, frisou o sacerdote, para logo acrescentar que vem “com espírito de humildade e de serviço, para abraçar esta comunidade que o Senhor me confiou”, frisou confiando-se às orações e à ajuda de todos porque, lembrou, “o segredo da missão é caminharmos juntos, na mesma fé, na esperança e caridade”.
O Pe. Alberto Fernandes confiou ainda o seu ministério sacerdotal à padroeira das Eiras – a Senhora da Paz –, para que “nos conceda sempre as riquezas das graças de Deus”.
Já o Pe. Pedro Nóbrega começou por dar graças a Deus pela sua vocação e pelas pessoas que se foram cruzando com ele nas várias paróquias desde a Nazaré ao Curral, de onde vieram dois autocarros com paroquianos.
Ambos agradeceram ao bispo diocesano pela confiança, às autoridades autárquicas que marcaram presença nestas Eucaristias e aos seus antecessores pelo trabalho desenvolvido.
Já os sacerdotes que saíram, a começar pelo cónego Rui Pontes que foi pároco das Eiras durante 10 anos, foram muito breves. O cónego Rui Pontes agradeceu “a todos os que estiveram comigo e me ajudaram a construir e a tornar esta comunidade melhor”.
Ao seu sucessor desejou que “ele seja capaz de viver, de uma forma bela e magnífica aquilo que é muitas vezes a cruz de Cristo que é a marca do amor”.
Já o Pe. Marcos Pinto agradeceu à diocese pela sua passagem por esta paróquia, de que continua a ser vigário paroquial e a oportunidade de poder trabalhar com o Pe. Pedro.
Agradeceu também à junta e à Câmara por terem tido a sensibilidade de manter este espaço não só para o povo de Câmara de Lobos, mas também como ponto de paragem dos turistas que visitam a Igreja.
Paroquianos comprometem-se a apoiar
Os paroquianos de cada uma das paróquias também se manifestaram e deram as boas-vindas aos seus novos párocos. Nas Eiras uma paroquiana lembrou que “um rebanho precisa de ser guiado e necessita de apoio para prosseguir o seu trilho”.
Por outras palavras, “uma comunidade sem um padre é um rebanho sem pastor, por isso, é com muita alegria que a nossa comunidade o recebe como nosso pastor, aquele que nos vai orientar e guiar”.
“A partir de agora o Pe. Alberto será membro de cada família, compartilhando connosco muitos sofrimentos e alegrias. Cuidará de nós como o pastor que cuida e conhece cada ovelha do seu rebanho”, disse, para logo acrescentar que os paroquianos criaram “expectativas novas e em contido entusiasmo ficamos a aguardar a sua chegada”.
Com a certeza de que tudo o que acontece na Igreja “a mão de Deus prevalece como fio condutor”, afirmou que “nessa perspetiva de fé, queremos oferecer o nosso apoio, ajuda carinho e amizade e disponibilidade no dia a dia da vida comunitária”.
Apesar de reconhecer que os desafios são muitos, disse ao Pe. Alberto que “tenha a certeza que nunca estará só e que, como comunidade paroquial carregaremos todos juntos a cruz que nos levara à alegria da ressurreição”.
Já em Câmara de Lobos, um paroquiano, desejou que o Pe. Pedro seja “o primeiro junto de nós e que nos digas sempre qual o melhor caminho a seguir como comunidade”.
Deu ainda conta de que “a comunidade está orgulhosa de ter junto de si o Pe. Pedro Nóbrega”, desejando as maiores felicidades para o novo pastor e agradecendo ao Pe. João, que por ali passou e agora está à frente da Paróquia do Curral das freiras.
Já o cónego Fiel lembrou, em ambas as paróquias que quando muda um pároco muda a pessoa, mas o mais importante fica: Jesus Cristo. E pediu ainda que as comunidades não se esqueçam, dos sacerdotes que por elas passaram, nem na hora da chegada nem na hora da morte.