Este ano de 2022 passará o centenário da morte do Imperador Carlos de Áustria. No final da Iª Guerra, Carlos chegava à nossa Ilha como exilado. Os governos vencedores do conflito obrigavam-no a sair da sua terra e a vir abrigar-se na Madeira com a sua família. Afinal, o Imperador personificava um conjunto de valores que desejavam ver afastados da nova cena política que estavam a construir.
Em primeiro lugar, o primado de Deus. Na vida pessoal, seja ela interior, no segredo da consciência, ou pública, nas atitudes e palavras que alguém dirige perante todos; e, sobretudo, o primado de Deus na vida política, na organização da sociedade e nas leis que regulam o seu viver. Em toda a sua vida, este foi o segredo de Carlos: Deus e a sua vontade, procurada, conhecida e vivida o mais que as nossas forças e capacidades o permitam.
Depois, o primado da pessoa. A pessoa vista não como um meio para atingir fins, não como mais um número insignificante, mas como alguém querido e amado por Deus por si mesmo, com uma dignidade única que não se compadece com a mera consideração de um no meio duma massa anónima.
Por fim, o primado da paz. Pode parecer estranho, mas o facto é que naquele início do século XX (e ainda hoje), muitos eram os que defendiam a guerra como meio para o progresso humano: desde os partidários da luta de classes aos defensores do individualismo selvagem que não olha a nada nem a ninguém para atingir os seus propósitos. Diante destes e contra eles, Carlos, desde que chegou à chefia do Império sempre procurou seriamente e com todas as suas forças encontrar caminhos para a paz na Europa e no mundo.
Cem anos depois, devemos confessar que muito pouco aprendemos com a figura deste Santo Imperador. E que também nós, madeirenses, esquecemos tantas vezes o seu exemplo e o seu testemunho cristão.
Por isso, este poderá ser um ano para redescobrir a figura deste homem que, se é certo não ter escolhido a Madeira para viver o exílio, pediu para aqui ficar sepultado junto da Senhora do Monte, sua e nossa Mãe.