Encontrar o silêncio

Foto: Visão

Dez monjas italianas chegaram no final do ano passado a Miranda do Douro para fundarem o mosteiro trapista “Santa Maria, Mãe da Igreja”, de Palaçoulo. “Seguimos a regra de São Bento, somos cistercienses de estrita observância”, afirmaram num vídeo de apresentação. 

Enquanto avançam as obras do mosteiro, as irmãs estão a viver na hospedaria, designada também por Casa de Acolhimento. 

A Casa de Acolhimento tem as portas abertas para receber hóspedes. “Aqui podem ficar pessoas que queiram partilhar um tempo de retiro connosco”, disse a madre superiora Giusy. “Qualquer pessoa que nos procura, que procura Deus, é para nós imagem de Cristo. Por isso, o peregrino é acolhido com tudo o que nós temos, com a nossa vida, com a nossa possibilidade de acolhimento. O nosso pão é o seu pão. Não temos restaurante, oferecemos o que temos”, explicou a superiora à Radio Renascença.

“O nosso trabalho é fonte principal do nosso sustento. Além das tarefas da casa, organizamos a produção de bolos e fabricação de terços, e plantamos amendoeiras e árvores de fruta. O desafio principal é a construção do mosteiro”, disse a irmã Débora, 42 anos.  

Os doces são feitos a partir de receitas italianas mas com ingredientes locais. É possível encontrar amaretti, torrões tenros, pãezinhos do peregrino, amêndoas cobertas, trancinhas e telhas. 

A vida monástica é composta por três dimensões: a oração, o trabalho e a vida fraterna. 

As irmãs louvam o Senhor 7 vezes ao dia e cantam o ofício divino em comunidade. As primeiras orações começam bem cedo, às três e meia da manhã. “Para mim a liturgia é a forma de rezar com as palavras da Igreja, é lindo louvar o Senhor e oferecer-lhe os dons que cada uma de nós recebeu d’Ele”, afirmou a Irmã Sara. 

“Todos os dias dedicamos um tempo à ‘lectio divina’, ou seja, à meditação pessoal da Palavra de Deus, um momento precioso para encontrar e conhecer o Senhor”,  disse a Irmã Maria Rita. 

O trabalho é distribuído pela hospedaria, a cozinha e a agricultura de autoconsumo, que conta com 500 amendoeiras e um pomar com mais de 100 árvores de fruto. Algumas irmãs vão também iniciar a produção de mel, com cinco colmeias que chegaram de Vimioso. 

A irmã Augusta, 84 anos, a avó da comunidade, partilhou à revista Visão, enquanto elaborava pulseiras e terços com fios e missangas: “A paisagem é magnífica. Gosto da solidão. Aqui encontrei o silêncio absoluto”. 

Também o bispo de Bragança-Miranda considera que “quem vier aqui, até pelo ambiente que já nos envolve, vai sentir a paz do coração”.