Bispo crismou jovens em São Gonçalo, Santa Maria Maior e na Sé pedindo-lhes que “vivam com e para Deus” 

Foto: Duarte Gomes

D. Nuno Brás visitou este fim de semana as comunidades paroquiais de São Gonçalo e de Santa Maria Maior (dia 12) e da Sé (dia 13), onde ministrou o sacramento da confirmação a 21, 17 jovens e 35 jovens (Carmo, Sé e Hospício), respetivamente.

No início das celebrações, no caso concreto de São Gonçalo e Santa Maria Maior, coube ao Pe. José Pascoal Gouveia, pároco de ambas as paróquias apresentar os grupos, tendo o sacerdote referido que “alguns deles fizeram os 10 anos de catequese”, mas outros “não tiveram essa possibilidade. No entanto, explicou, “com a ajuda dos nossos catequistas procuramos fazer uma preparação com eles para este sacramento”.

Nas homilias destas Eucaristias, o bispo do Funchal começou por refletir sobre a palavra proclamada explicando que a segunda leitura “colocava diante de nós uma interrogação muito grande, que vale a pena tomar a sério”. Nela, São Paulo dizia que “ninguém vive para si mesmo e que nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, se morremos, morremos para o Senhor”. Então, devemos questionar-nos para quem vivemos nós.

Esta interrogação, frisou D. Nuno Brás, é importante para todos nós, mas muito particularmente para os jovens, porque vivem um “momento de grandes decisões” relativamente ao seu futuro e à vida que vão viver. Uma vida que não deve ficar, de todo, centrada apenas em cada um, porque isso fará com que não passemos de nós e sejamos “esquecidos à primeira oportunidade”.

Mas se, por outro lado, vivermos para os outros se “colocarmos os outros em primeiro plano” e tivermos em conta que “só sermos livres se os outros forem livres”, que “só seremos alguém quando os outros também o podem ser “e que “sem os outros eu não sou nada, mesmo que viva 100 anos”, então a nossa vida ganha outro sentido.

Contudo, São Paulo vai ainda mais longe e “dá-nos o enquadramento da nossa vida Cristã” ao dizer que nós cristãos devemos também “viver com o Senhor, viver com Jesus Cristo”, sendo essa realidade precisamente aquilo que faz de nós cristãos.

Só que, alerta São Paulo, não basta viver uma hora por semana com Deus e para Deus. É preciso aceitarmos que “Jesus Cristo viva a nossa vida” e mostrar que “queremos viver com Ele”, todos os dias.

Se tivermos “a coragem de o fazer e de sermos diferentes daquilo que o mundo nos propõe”,  então “havemos de perceber que nós mesmos e os outros ganham um valor diferente e uma dignidade ainda maior”, porque “com Deus percebemos quem somos e vivemos, percebemos aquilo que é a verdadeira felicidade”.

Dito de outra maneira, se vivermos com e para Deus muda muita coisa na nossa vida. “Muda a maneira como nós nos percebemos a nós mesmos, muda a maneira como percebemos os outros, muda a maneira como percebemos tudo aquilo que é a nossa vida”. É até “uma questão de horizontes: se vivemos só para nós vivemos fechados com a nossa medida, se vivemos com os outros vivemos mais abertos, mas com a medida dos outros, se vivemos com Deus, vivemos com a medida de Deus”.

E viver com Deus é perdoar e perdoar, como dizia o Evangelho, 70 vezes 7, ou seja, sempre. E nós só achamos que isso é impossível “porque estamos habituados a viver para nós”, explicou. Já se vivermos com Deus passamos, como Ele, “a ter a capacidade de começar de novo, com seriedade” e a ter essa capacidade de perdoar, porque só Ele tem capacidade de perdoar.

É por todas estas razões, disse D. Nuno Brás aos jovens crismandos das várias comunidades, que “vale a pena viver com Deus”. Esta é mesmo, sublinhou, “a maior aposta que podemos fazer na nossa vida”, para logo acrescentar que uma coisa é ser um bom engenheiro, um bom médico, outra é ser um bom engenheiro e um bom médico com Deus.

“Este é o convite, o desafio que o Senhor hoje vos faz. Tanto mais que Ele vos dá o seu Espírito, que Ele vos dá a sua maneira de pensar, que Ele vos dá a sua maneira de amar, Ele vos dá a sua maneira de ser”, explicou o prelado que terminou pedindo ao Senhor que ajude os crismados a que “sejam capazes de entender isto, e de viver assim, não para vocês, mas para Deus e com Deus” e “não apenas uns momentos, mas a vida inteira”.