Em tempos de emergência: D. Nuno Brás volta a consagrar Diocese do Funchal a Nossa Senhora do Monte

Foto: Duarte Gomes

Em resposta ao apelo feito pelo Papa Francisco o bispo do Funchal presidiu ontem, pelas 21 horas, à recitação do Terço na Igreja do Monte, “em união com os Bispos e todos os cristãos de Portugal que connosco rezam neste momento.”

No início da oração, que foi transmitida em direto pelo facebook da paróquia, D. Nuno Brás lembrou o que disse o papa ao convocar este momento: “Maria, saúde dos enfermos, conduz-nos ao rosto luminoso e transfigurado de Jesus Cristo e ao seu Coração. A ela nos dirigimos com a oração do Rosário, debaixo do olhar amoroso de S. José, Guarda da Sagrada Família e das nossas famílias. E pedimos-lhe que guarde, de modo especial, os doentes e as pessoas que estão a cuidar deles: os médicos, os enfermeiros, os voluntários que arriscam a vida neste serviço”.

Meditando, como foi sugerido pelo Santo Padre, nos Mistérios Luminosos do Rosário, D. Nuno foi pedindo em cada um deles por várias intenções, nomeadamente, “por todos os que neste momento estão a passar dificuldades: no nosso país, na Itália, na Espanha. Pedimos ao Senhor que a todos dê força e coragem; que a todos dê a graça da fé” e “pelos profissionais de saúde, para que tenham a força e a fé que nos impedem de desanimar perante as adversidades e nos ajudam a dar testemunho de Jesus Salvador.”

Num momento de emergência devido ao Covid-19, o prelado voltou a consagrar a Diocese do Funchal a Nossa Senhora do Monte, que sempre tem “olhado com desvelo de Mãe/pelos filhos que vivem nesta Ilha,/pelas suas famílias e por toda a comunidade;/Senhora que sempre olhais maternalmente/por todos e por cada um.”

“Aqui, ajoelhados aos vossos pés,/estão os cristãos desta vossa diocese,/que vos falam pela voz deste seu Bispo,/e se querem, uma vez mais,/confiar aos vossos cuidados e ao vosso zelo de mãe./Olhai pela nossa Ilha que é vossa;/olhai pelos seus habitantes que são discípulos amados do vosso Filho;/olhai pelas suas famílias e pelos seus governantes”, rezou o prelado.

D. Nuno pediu ainda à Senhora do Monte para que “Cuidai de nós,/que a Vós nos confiamos/e aos vossos cuidados/uma vez mais nos consagramos,/como o filho aflito que corre/para os braços seguros de sua Mãe.”

Foi com esta consagração, que publicamos na íntegra assim como a oração do Terço, que terminou esta ida de D. Nuno Brás ao Monte. 

CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA

Senhora, Virgem Maria,
que o povo da Madeira há muito invoca
com o nome de Senhora do Monte;
Sois a Mãe
que em tantas horas de aflição nos tendes valido;
que no sofrimento sois nosso socorro;
que na dor sois nosso conforto e alívio.
Senhora, Aquele Menino que carregastes em vosso ventre,
que destes à luz e de quem cuidastes
com o vosso castíssimo esposo, S. José;
Aquele mestre que seguistes pelos caminhos da Galileia
e que acompanhastes na cruz, em Jerusalém;
o Vosso Filho Jesus,
ao morrer na cruz por toda a humanidade,
pediu-nos, a nós, seus discípulos,que vos acolhêssemos em nossa casa;
e nós de bom grado cumprimos o Seu pedido:
sempre vos queremos connosco
e sempre queremos escutar o vosso convite de Mãe:
“fazei tudo o que Ele vos disser”.
Mas, antes de morrer,
o Vosso Filho entregou-nos também a vós como filhos;
pediu-vos que cuidásseis de nós como se fosse Ele.
Senhora, sempre tendes olhado com desvelo de Mãe
pelos filhos que vivem nesta Ilha,
pelas suas famílias e por toda a comunidade;
Senhora que sempre olhais maternalmente
por todos e por cada um;
Aqui, ajoelhados aos vossos pés,
estão os cristãos desta vossa diocese,
que vos falam pela voz deste seu Bispo,
e se querem, uma vez mais,
confiar aos vossos cuidados e ao vosso zelo de mãe.
Olhai pela nossa Ilha que é vossa;
olhai pelos seus habitantes que são discípulos amados do vosso Filho;
olhai pelas suas famílias e pelos seus governantes.
Queremos ser mais vossos e de vosso Filho, o Senhor Jesus;
queremos viver com maior decisão a vida cristã;
queremos cuidar mais uns dos outros,
em particular dos pobres, dos sem-abrigo, dos sem-família.
Senhora, com o mundo inteiro,
estamos a viver esta hora de aflição,
este momento que causa a morte de tantos,
que nos obriga a ficarmos isolados uns dos outros,
que nos impede de nos saudarmos,
que nos impede de trabalhar,
que nos impede de partilhar,
que nos impede de celebrar a Eucaristia e de rezarmos em conjunto;
que nos quer impedir de viver como homens e como cristãos.
Senhora,
olhai para a humanidade desamparada,
olhai para os doentes e para os profissionais de saúde que deles cuidam,
mostrai mais uma vez que sois Mãe, nossa Mãe,
Senhora do Monte, nossa ajuda e protecção.
Senhora aqui vos confiamos a todos,
sobretudo os mais fracos e mais pobres.
Cuidai de nós,
que a Vós nos confiamos
e aos vossos cuidados
uma vez mais nos consagramos,
como o filho aflito que corre
para os braços seguros de sua Mãe.
Ámen.

Terço

Meditamos os mistérios luminosos do Rosário.

1º mistério: o Baptismo de Jesus

Leitor:

Do evangelho segundo S. Lucas (Lc 3,21-22)

Aconteceu que, ao ser batizado todo o povo, tendo também Jesus sido batizado e estando a rezar, abriu-se o céu, e desceu sobre Ele o Espírito Santo em figura corpórea, como uma pomba. E do céu surgiu uma voz: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo».

Bispo:

“O Céu abriu-se e fez-se ouvir a voz do Pai”. Deus está connosco e não nos abandona. Não é Ele a fonte da morte nem do mal, nem ele se compraz com a nossa perdição (Sab 2).

Jesus é a presença do Pai. E nós, os baptizados, somos a continuação da presença de Jesus — daquele Jesus que a todos acolhe e a todos cura.

Que a nossa presença possa acolher e curar tantos que vivem e sofrem longe de Deus.

Pedimos neste mistério por todos os madeirenses, para que saibamos ser a presença de Jesus para aqueles que estão ao nosso lado.

2º mistério: o milagre de Caná

Leitor:

Do evangelho segundo S. João (Jo 2,1-5)

Ao terceiro dia, houve uma boda em Caná da Galileia e a Mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e os seus discípulos foram chamados para a boda. Tendo faltado vinho, a Mãe de Jesus disse-lhe: «Não têm vinho». Disse-lhe Jesus: «Que há entre mim e ti, mulher? Ainda não chegou a minha hora!». A sua Mãe disse aos serventes: «O que Ele vos disser, fazei-o».

Bispo:

“Não têm vinho […] O que Ele vos disser, fazei-o”. A Mãe indica ao Senhor aquilo que falta aos homens. E indica aos homens a atitude necessária para receber o vinho novo, a salvação.

Hoje, aqui, queremos recordar à Virgem Maria aquilo que nos falta. Queremos recordar-lhe esta situação em que nos encontramos. E queremos pedir-lhe que nos ajude a assumir as atitudes necessárias para a poder ultrapassar. Pedimos, em particular, pelas nossas famílias.

3º mistério: o anúncio do Evangelho e o convite à conversão

Leitor:

Do evangelho segundo S. Marcos (Mc 1,14-15)

Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando o evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus; convertei-vos e acreditai no evangelho».

Bispo:

“Convertei-vos e acreditai no Evangelho”. Foi com esta frase que iniciámos a Quaresma, esta Quaresma, esta “quarentena”.

Tempo de conversão, quer dizer: tempo de mudança de vida; tempo para mudarmos os nossos comportamentos, as nossas atitudes frente ao próximo, a nós e a Deus. Pedimos ao Senhor que nos conduza à verdadeira conversão, à conversão do nosso modo de pensar e de viver.

Pedimos por todos os que neste momento estão a passar dificuldades: no nosso país, na Itália, na Espanha. Pedimos ao Senhor que a todos dê força e coragem; que a todos dê a graça da fé.

4º mistério a Transfiguração do Senhor

Leitor:

Do evangelho segundo S. Marcos (Mc 9,1-7)

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e fê-los subir, a sós, a um alto monte. Transfigurou-se, então, diante deles: as suas vestes tornaram-se resplandecentes, tão brancas que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceu-lhes, então, Elias com Moisés; estavam a conversar com Jesus.

Em resposta, Pedro disse a Jesus: «Rabi, que bom é nós estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias». Na verdade, não sabia o que havia de responder, pois estavam com muito medo. Surgiu, então, uma nuvem que os cobriu de sombra, e da nuvem surgiu uma voz: «Este é o meu Filho amado: escutai-o!

Bispo:

Diante dos discípulos, Jesus transfigurou-se. Mostrou quem Ele é e mostrou o que será o mundo transfigurado. “Que bom é estarmos aqui”, disse Pedro. Todos nós, e tudo quanto existe está destinado a ser transfigurado em Cristo glorioso e ressuscitado. Como diz S. Paulo: “A ligeira aflição do momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória. Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas”. Tudo o que vemos e todo o mundo em que vivemos é passageiro. Pedimos ao Senhor por quantos vivem estes momentos em pânico e sem o olhar das realidades eternas.

5º mistério: a Última Ceia

Leitor:

Do evangelho segundo S. Marcos (Mc 14, 22-25)

Enquanto eles comiam, tomou um pão e, pronunciando a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, este é o meu corpo».

Tomando, então, um cálice e dando graças, deu-lho e todos beberam dele. E disse-lhes: «Este é o meu sangue da aliança, derramado em favor de muitos. Ámen vos digo: não mais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus».

Bispo:

O Senhor quer ficar connosco para sempre. Quer que sejamos seus. Quer partilhar connosco a sua vida, que é vida eterna. Damos graças ao Senhor pelo alimento da nossa vida cristã que é a Eucaristia, Pão do Céu que nos dá forças e nos permite avançar, mesmo no meio de dificuldades.

Rezamos em particular pelos profissionais de saúde, para que tenham a força e a fé que nos impedem de desanimar perante as adversidades e nos ajudam a dar testemunho de Jesus Salvador.