O orgulho e o vírus

D.R.

O orgulho dos homens que pensavam tudo dominar — até a vida e a morte — foi, de repente, derrotado. Há semanas que o mundo anda em pânico por causa de um minúsculo ser vivo, que não nos é dado sequer observar, a não ser com potentes microscópios. O medo instalou-se por toda a parte. Nos últimos dias, o pequeno e minúsculo vírus tem feito cair impérios: as bolsas entraram no vermelho, os estádios de futebol ficaram vazios, as viagens turísticas desapareceram, os aviões deixaram de levantar voo. As pessoas ficam em casa, muitos abandonados à sua sorte. Tantos deixaram de se saudar. As rádios e televisões não falam de outra coisa.

De repente, tomámos consciência de que a vida não depende de nós. Não  temos um poder ilimitado, não somos infinitos nem omnipotentes. Somos mortais, limitados, finitos. 

Será ainda possível ter confiança? Será ainda possível viver sem medo de ser infectado pelo próximo?

Nós cristãos não nos pertencemos a nós mesmos. Pertencemos a Deus. Fomos salvos por Jesus e em Deus colocamos a nossa confiança. A nossa vida renasceu com Cristo das águas do baptismo.

Não é por isso que estamos imunes: nem ao pecado, nem ao sofrimento, nem aos ataques deste minúsculo “corona vírus”. Mas não são nenhuma destas limitações que nos hão-de fazer deixar de rezar, de viver, de cuidar do próximo, especialmente do mais frágil, de construir o mundo.

As autoridades de saúde vão oferecendo alguns conselhos, que havemos de observar. Mas não nos deixemos tomar pelo pânico ou derrotar pelo medo, como se, de repente, Deus tivesse deixado de existir, e o mundo tivesse entrado em colapso. 

Em Deus, e só nele colocamos a nossa confiança.