Caros diocesanos,
A fé, a presença iluminadora de Deus na nossa vida do dia a dia, convida-nos a olhar sempre mais longe, tendo como horizonte a vida de Deus, a vida eterna. Isso dá ao cristão uma confiança nova, mesmo no meio do sofrimento e das dificuldades.
No momento em que vos escrevo não é conhecido qualquer caso de infecção do Covid 19 na nossa Ilha. Assim, se por um lado não podemos ceder ao pânico e ao medo (nós que somos gente de confiança), por outro lado não podemos também deixar de fazer tudo o que se encontra ao nosso alcance para que as infecções sejam o menos grave e em menor número possível, sem nunca deixar de viver e celebrar a fé.
Por isso, continuaremos a viver o nosso quotidiano sempre observando as indicações das autoridades sanitárias da Região a este propósito. E, assim, iremos procurar que se evitem as concentrações extraordinárias de população, mais atreitas a contrair a infecção.
Deste modo, as Missas continuarão a ser celebradas, bem como todos os actos de culto habituais. Evitar-se-ão, no entanto, as procissões, as celebrações penitenciais próprias da Quaresma e outras actividades extraordinárias que envolvam grande número de fiéis. Em nenhum caso se farão celebrações comunitárias da reconciliação com absolvição geral. Quanto à catequese, suspenda-se a mesma até novas orientações.
Peço aos sacerdotes toda a generosidade e coragem para que aos fiéis não falte nunca a palavra da fé, o alimento eucarístico e o acompanhamento no sofrimento.
Esta é uma Quaresma bem singular, em que somos convidados a um jejum e a uma esmola fora do normal: o jejum de evitar todas as ocasiões de transmissão do vírus, ainda que nos cause transtorno; e a esmola de não desampararmos nunca o irmão que necessite de nós, da nossa palavra e da nossa ajuda.
Havemos de nos preparar para celebrar a Páscoa que se avizinha, em que (esperemos) nos seja já permitido dar largas à nossa alegria.
+ Nuno, Bispo do Funchal