D. Nuno presidiu à festa de São João de Deus e desafiou fiéis a serem “mais próximos uns dos outros”

Foto: Duarte Gomes

D. Nuno Brás presidiu esta sexta-feira, dia 8 de março, à Eucaristia que assinalou a festa litúrgica de São João de Deus, tendo desafiado os fiéis presentes a se esquecerem de si próprios e a “serem mais próximos uns dos outros”, à semelhança daquilo que fez o próprio São João de Deus.

Na homilia desta celebração, que teve lugar na capela da Casa de Saúde de São João de Deus, o prelado começou por dizer que, ao contrário do que se possa pensar, “nós não interrompemos a Quaresma para celebrar São João de Deus”, porque “a festa de São João de convida-nos sempre a olhar para Jesus e a olhar para o próximo”.

Referindo-se à palavra proclamada, concretamente ao Evangelho, o bispo do Funchal disse que ele nos explica precisamente quem é “o nosso próximo”, quem é “aquele a quem havemos de amar”. A resposta dá-a Jesus ao mostrar que o próximo é “aquele que precisa”. E para estar próximo de quem precisa “eu sou convidado a deixar o meu bem estar, sou convidado a deixar o lugar onde me encontro, sou convidado a deixar, como hoje se diz, a minha zona de conforto para me aproximar”.

Todos aqueles que passaram pelo homem que, relatava o Evangelho, tinha caído nas mãos dos salteadores, “não foram capazes de se deixar interrogar por ele, porque estavam demasiado cheios de si mesmos”. O convite é precisamente esse: “Deixarmo-nos a nós mesmos, para nos deixarmos interrogar pelos outros, pela sua situação, por aquilo que eles são, pelas suas necessidades”.

De resto, disse, “isto é verdadeiramente aquilo que aconteceu com o Senhor. Jesus é aquele que se esquece de Si próprio para vir até nós, que se esquece de Si próprio para curar as nossas feridas, quaisquer que elas sejam”. E que bom que é, frisou, “termos um Deus que se aproxima de nós”, apesar de muitas vezes lhe dizermos para se afastar, cientes que estamos dos nossos pecados.

Transpondo esta aproximação para a vida de São João de Deus, D. Nuno Brás sublinhou que “a sua marca é precisamente de se aproximar daqueles de quem ninguém se queria aproximar”. São João de Deus “foi capaz de se esquecer de si mesmo para se aproximar daqueles que necessitavam. Por isso mesmo, “de facto, fazemos Quaresma e esta festa é um marco importante no nosso caminho quaresmal, porque ela nos interroga sempre: e tu, de quem é que tu estás disposto a te aproximar?” A resposta é “de todos”. Ainda que, “de uma forma particular, daqueles que necessitam, e que necessitam não simplesmente das nossas ideias, que necessitam não simplesmente das nossas palavras, mas que necessitam da nossa ação”.

Daí o apelo para sermos como “o bom samaritano da parábola. Esqueçamo-nos de nós mesmos, deixemo-nos interpelar pelo outro que está ali tão próximo. Sejamos próximos uns dos outros”.

De referir que esta Eucaristia, que foi concelebrada por D. Teodoro de Faria e por outros elementos do clero diocesano e por irmãos da Ordem Hospitaleira da São João de Deus, começou com um irmão a agradecer a presença de D. Nuno Brás nesta “festa da hospitalidade”.

No final coube ao Pe. Aires Gameiro, fazer mais uma série de agradecimentos, nomeadamente aos cuidadores que acompanharam os seus familiares durante a Missa, aos que doaram flores para ornamentar a capela, ao grupo coral e também ao bispo do Funchal por ter aceite o convite para presidir a esta Festa em honra de São João de Deus.