D. José Tolentino Mendonça: Uma biblioteca é um lugar onde se guarda a memória mas também onde pulsa o desejo de futuro

Novo responsável pelo Arquivo e pela Biblioteca do Vaticano diz que “é  necessário retirar a parte ficcional de um arquivo que esconde segredos inacessíveis”, até porque o espaço tem mais de dois mil investigadores creditados.

Foto: Ecclesia/MC

D. José Tolentino Mendonça é ordenado bispo este sábado, pelas 16 horas, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e inicia funções como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica no dia 1 de setembro.

Em entrevista à ECCLESIA, que pode ser lida na íntegra no portal da Agência e vai ser emitida no programa Ecclesia da Antena 1, este domingo às 06h00, e no programa 70×7, também este domingo, às 13h45, D. José Tolentino Mendonça diz que o “Arquivo e a Biblioteca Apostólica são uma garantia da vitalidade e do futuro da própria Igreja” e afirmou que quer dar “uma nova oportunidade àqueles textos”.

“Uma biblioteca é um lugar de cultura, de pensamento, de diálogos, de encontros, é uma fronteira da ciência, onde se guarda a memória mas também onde pulsa o desejo de futuro”, afirmou o novo bibliotecário e arquivista da Santa Sé.

O novo responsável referiu ainda que uma biblioteca “é um espólio que representa a memória dos homens” e ao mesmo tempo representa “uma força de futuro”,  semelhante à força das raízes que “não são o passado da árvore, mas a garantia da sua vitalidade”.

Para D. José Tolentino Mendonça, a reforma em curso na Igreja Católica, proposta pelo Papa Francisco, “assenta num mergulho, nas raízes”, que permite “analisar a história sem ficar preso àquilo que é o mais imediato ou o mais previsível”.

“Uma reforma nunca parte do nada, mas coloca-se sempre numa tradição, em continuidade com uma força, um vigor que vem detrás”, sustentou

Recorde-se que o Papa Francisco nomeou, a 26 de junho, o sacerdote madeirense como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo.

Para o novo responsável no Vaticano, “cabe ao bibliotecário zelar pela integralidade daquele tesouro e fazer tudo para que ele passe nas melhores condições às gerações futuras; ao mesmo tempo, colocá-lo a falar para o presente, dando uma nova oportunidade àqueles textos, permitindo novos encontros que sejam uma sementeira de diálogos, da construção da paz, que é no fundo aquilo que está por detrás da finalidade da cultura”, acrescentou.

D. José Tolentino Mendonça referiu também que o Arquivo e a Biblioteca do Vaticano não estão fechados, antes há “uma política de empréstimos e de presença que abre as portas do arquivo e da biblioteca ao mundo inteiro”, tendo “mais de dois mil investigadores creditados”.

“É um arquivo que pertence à Igreja, mas claramente penso que é  necessário retirar essa parte ficcional de um arquivo que esconde segredos inacessíveis”, concluiu.