Papa encerra viagem com novas críticas ao «grave pecado da corrupção»

Francisco recuperou ainda uma das ideias mais presentes nas suas intervenções, advertindo contra a “globalização da indiferença”, que torna as pessoas “surdas” face aos outros, “seres impessoais de coração asséptico”.

© Vaticano

O Papa presidiu, este domingo, dia 21 à última Missa da sua viagem ao Peru, perante uma multidão estimada em cerca de um milhão de pessoas, condenando de novo o que classificou como “grave pecado” da corrupção. “Jesus atravessa a cidade com os seus discípulos e começa a ver, a escutar, a prestar atenção àqueles que sucumbiram sob o manto da indiferença, lapidados pelo grave pecado da corrupção”, disse, na homilia da celebração.

Horas antes, num encontro com os bispos católicos no Peru, Francisco tinha criticado a corrupção e o “capitalismo liberal desumano” na América Latina e afirmado que “a política está doente”; na sexta-feira, discursando perante autoridades políticas em Lima, o pontífice tinha falado na corrupção como um “vírus social”.

O Papa chegou à base aérea de Las Palmas, nos arredores da capital, após um percurso em papamóvel no qual foi saudado por milhares de pessoas, à semelhança do que aconteceu desde que chegou ao Peru, na quinta-feira, vindo do Chile, onde começou a sua 22ª viagem internacional.

Francisco convidou as comunidades católicas a colocar-se em “movimento” para ir ao encontro das dificuldades da sociedade, em particular nas “situações de sofrimento e injustiça” que se repetem nas cidades.

A homilia evocou, em particular, os que vivem “à margem”, sem condições para uma vida digna. “Custa ver que muitas vezes, entre estes ‘resíduos’ humanos, se encontram rostos de tantas crianças e adolescentes; encontra-se o rosto do futuro”, advertiu o Papa.

O pontífice recuperou ainda uma das ideias mais presentes nas suas intervenções, advertindo contra a “globalização da indiferença”, que torna as pessoas “surdas” face aos outros, “seres impessoais de coração asséptico”. Neste cenário, sublinhou, os cristãos são chamados a “atravessar a cidade” com Jesus, “Deus que mistura a sua vida com a vida do seu povo”.

“Que a degradação seja superada pela fraternidade, a injustiça vencida pela solidariedade e a violência apagada com as armas da paz”, apelou Francisco.

Atrás do altar da celebração encontra-se exposta a imagem do Senhor dos Milagres, muito venerada no Peru.

A Base Aérea de Las Palmas teve 17 portas de acesso para os peregrinos, que puderam ainda seguir a celebração através de ecrãs gigantes e altifalantes espalhados ao longo do recinto.

Após a Missa, o Papa seguiu até ao aeroporto internacional de Lima para a cerimónia de despedida, às 18h00 locais (23h00 em Lisboa), iniciando o regresso a Roma, onde o voo papal deverá chegar às 14h15 (13h15 em Lisboa) desta segunda-feira.